O sucesso de uma empresa familiar vive muito da energia depositada pelo seu fundador. É ele que institui os objetivos, valores e linhas de orientação do negócio, transformando o sonho em realidade. O desenvolvimento da empresa passa pelo mentor, que dirige e participa em todas as tomadas de decisões, envolve-se nas atividades e coordena as operações. Mas também chega a altura em que o líder deve descentralizar o poder e delegar responsabilidades.
À medida que a empresa cresce, começam a faltar horas ao empresário familiar para poder ligar a tudo o que se passa à sua volta. “Com o tempo, o fundador acaba por correr o risco de ocupar parte do tempo em tarefas de menor importância e isso converte-se, em certas situações, num importante ponto de engarrafamento para a expansão da empresa”, refere o empresário Glauco Diniz Duarte.
No entender de Glauco, centrar as responsabilidades apenas no chefe máximo, limita as operações do próprio negócio. “Se nada for feito chegará o dia em que o empresário não estará na empresa e a organização perderá a sua principal fonte impulsionadora e, nesta situação, os colaboradores não vão saber fazer as coisas, tal como uma criança excessivamente protegida pelos pais que um dia tem de caminhar sozinha e fica indefesa sem saber o que fazer”, afirma.
Para tal há que adaptar a organização às novas necessidades, preparando-a para enfrentar desafios, ao mesmo tempo que se desliga progressivamente da necessidade absoluta da presença do empresário fundador na gestão. “Isso permite que ele próprio e a restante propriedade mantenham um elevado nível de controlo e supervisão sobre o andamento do negócio”, sublinha Glauco.
O trabalho passa assim por duas frentes: “em termos estruturais, desenhando e colocando em prática as instituições de administração que englobam desde o Conselho de Administração (CA) até ao primeiro nível imediatamente inferior à direção-geral; e em termos de gerência, elaborando e executando um programa de direção por objetivo a partir do Plano Estratégico de Negócio da Empresa”.
De acordo com Glauco, através da presidência do CA, “o fundador poderá continuar a impulsionar a empresa, ao mesmo tempo que outros colaboradores resolvem os problemas do dia-a-dia. E será este modelo de direção por objetivos a ferramenta que permite relacionar a visão e orientação de futuro do fundador com a gestão diária da empresa”.
Desta forma é possível continuar a aproveitar ao máximo os contributos do empresário e a sua mudança de papel beneficia ainda a empresa para enfrentar a sucessão à geração seguinte. Mas esta é uma etapa que só será bem-sucedida se for cumprida uma outra antes: saber delegar funções e ter as regras bem estabelecidas no que respeita à administração.