Há algum tempo você teve uma ideia: vou montar meu próprio negócio! Pensou, relutou, mas decidiu transformar essa ideia em realidade e, assim, nasceu sua empresa.
Encontrou dificuldades como recursos escassos, lidar com clientes, fornecedores e empregados. Estes obstáculos iniciais o fizeram se capacitar, buscar instituições que lhe proporcionasse melhores condições de gestão e conhecimento, fazendo você viver situações que estavam, até então, longe do seu dia a dia.
Durante os anos que se passaram você consolidou seu nome, o nome de sua empresa e de seus produtos. Mas, e agora? O que vai acontecer com minha empresa? Como posso passar meu legado adiante? Quem vai assumir a empresa, dando continuidade e melhorando-a ainda mais? Como deve ser feita essa sucessão?
Como devo passar o bastão ao próximo comandante da empresa? De onde ele virá?
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, estas perguntas só são lembradas pelos empresários de micro e pequenas empresas quando ele já está próximo da sua aposentadoria, mas deveria vir o quanto antes visando proporcionar a possibilidade de transição do legado com o menor esforço e conflitos possíveis.
Mas o que é sucessão?
Glauco explica que sucessão é a passagem do poder entre a atual geração de dirigentes e a que está chegando, proporcionando, desta forma, a perpetuação da empresa e o seu legado.
A sucessão empresarial pode ser dividida em dois grupos: sucessão corporativa e sucessão familiar. A sucessão corporativa acontece quando a empresa busca, entre seus colaboradores, sucessor para os dirigentes que estejam saindo. Já para a sucessão familiar, um ente familiar é selecionado para sucessão.
Questões Legais
Antes de entrarmos no nosso assunto é importante salientar que a sucessão deve estar prevista no contrato social da empresa, principalmente quando é uma empresa em sociedade, e mesmo quando essa sociedade for familiar.
Este procedimento oferece segurança e legitimidade ao sucessor.
Empresas familiares
Alguns dados interessantes: segundo pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, até setembro de 2015, 57% das micro e pequenas empresas, em média, possuem parentes entre seus sócios e/ou empregados/colaboradores (com ou sem carteira assinada), sendo que no Nordeste esse percentual chega a 52%. Desta forma, a possibilidade do sucessor ser da família é muito grande.
Com esses percentuais, a entrega da sua empresa para alguém de sua família, que manterá acessa a chama do negócio, é muito grande.
Pensando nisso, destaca Glauco, é importante que o empresário busque o quanto antes estratégias para transição sucessória, dando continuidade a empresas com elementos de sua família. Essa sucessão deve ser trabalhada com um tempo de maturação, lembrando que o empresário sucedido também deve ser preparado a passar o bastão.
Abaixo, Glauco lista 8 dicas que todo empresário de micro e pequena empresa deve pensar para uma sucessão sem traumas:
1. Planeje a Sucessão
Mesmo com a certeza de uma sucessão futura, nem todos os empresários, principalmente de micro e pequena empresa, consideram preparar a empresa, o sucessor e ele próprio para esse momento. Em muitos casos, consideram algo tão distante que deixam esse fato em segundo plano e, quando menos esperam, estão às portas da sucessão, e ai, as chances de insucesso são muito grandes.
2. Identificando o sucessor
Dentre os seus familiares sempre há um ou mais que demonstra interesse maior pela empresa, busca informações e soluções. Esse pode ser um forte candidato. Sendo assim, traga-o para a empresa, para que logo cedo ele entenda o legado que você irá deixar
3. Prepare o sucessor para a empresa
Não prepare uma empresa para ser sucedida. Prepare um sucessor para sua empresa. Essa frase é interessante, principalmente, quando se trata de micro empresa familiar. Nós, latinos, temos a cultura de preparar uma boa vida para nossos filhos e ai, esquecemos que é ele quem deve estar preparado para a vida.
Com esta visão, fazemos de tudo para que a vida de nossos filhos seja a mais confortável possível, e esquecemos que o nosso sucesso veio dos intemperes por nós sofridos.
Desta forma, o sucedido deve preparar o sucessor e não a empresa.
4. Faça-o(a) compreender a empresa
Faça com que o escolhido se misture com os funcionários, entenda o processo e a sistemática da empresa. Faça-o passar pelos setores para que ele entenda quais as contas a pagar, contas a receber, fluxo de caixa e estoque.
5. Capacitação/atualização
Invista em conhecimento teórico, faculdade, cursos de aperfeiçoamento em instituições especializadas, mas sem deixar de lado o conhecimento prático que ele deve adquirir no dia a dia de sua empresa. A soma desses dois processos trará inovação ao negócio
6. Participação em tomadas de decisões
Faça-o participar de negociações, compras e decisões importantes. Ouça-o e busque sincronizar os pensamentos dele ao modelo de gestão da empresa. Esse procedimento enriquece a tomada de decisão, assim como fortalece o sucessor.
7. Desapego ao Poder
O empresário que está passando o bastão deve buscar se desapegar do comando, de forma gradual, porque umas das maiores dificuldades do empresário, principalmente de MPE, é se desprender daquilo que levou muito tempo de sua vida para construir, mesmo sabendo que é necessário.
8. Mitigação de Conflitos Familiares
Um dos aspectos a serem observados é a possibilidade de uma disputa interna familiar sobre o controle da empresa, por isso a antecipação pode mitigar muitos desses problemas uma vez que a definição do sucessor se dá com os demais herdeiros em comum acordo, assim como os demais sócios se houver.