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GLAUCO DINIZ DUARTE

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GLAUCO DINIZ DUARTE – Energia cada vez mais limpa e perto de você

O modelo de produção centralizada de energia — que, no Brasil, é feito majoritariamente a partir de hidrelétricas distantes dos centros de consumo e que, por isso, demanda uma enorme e complexa rede de transmissão e distribuição — não deverá predominar no futuro. Não só por causa das longas distâncias, que implicam em riscos maiores de falhas e perdas elétricas, mas também por uma questão de sustentabilidade: do próprio sistema e também do planeta. Assim, vem ganhando cada vez mais força no mercado a energia que é fruto da Geração Distribuída (GD).

Por concentrar a produção perto dos locais de consumo, esse modelo minimiza riscos e custos, mostrando-se mais eficiente. Paralelamente, um fator que estimula a adoção desse conceito é o desenvolvimento de tecnologias voltadas para a produção de energia com base em fontes renováveis, como a eólica e solar, que substituem os combustíveis fósseis e não agridem o meio ambiente. A Geração Distribuída é uma alternativa para produzir e entregar eletricidade.

Uma boa notícia é que o Brasil já faz parte desse movimento mundial. E o cenário é promissor. A Geração Distribuída a partir de fontes renováveis ultrapassou recentemente os 100 megawatts (MW) instalados, uma marca histórica, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Dados do mercado de GD mostram que, de janeiro de 2012 a junho de 2017, foram registradas no país 12.237 unidades de Geração Distribuída, que somam potência instalada de 139,1 MW, correspondendo a mais de R$ 850 milhões em investimentos acumulados desde 2012 em todas as regiões do País.

A quase totalidade dessas geradoras de pequeno porte (12.115) é do tipo solar fotovoltaica (UFV), instaladas em residências, comércios, indústrias, prédios públicos e na zona rural. As demais dividem-se entre termelétricas (54), eólicas (52) e centrais geradoras hidrelétricas (16).

Todo mundo contribui

A projeção é de um forte crescimento do setor para os próximos anos e décadas. Segundo a Absolar, o Brasil possui mais de 81 milhões de unidades consumidoras e é cada vez maior o interesse da população, das empresas e, também, de gestores públicos em gerar energia renovável localmente, economizando dinheiro e contribuindo para a construção de um país mais sustentável. “Nossa expectativa é que, até 2023 ou 2024, cerca de 1 milhão de consumidores estejam fazendo sua Geração Distribuída”, projeta Guilherme Mattos, diretor da área de Energia Distribuída da Siemens no Brasil.

Esse é um ponto bastante curioso, já que, no modelo de Geração Distribuída, o consumidor também pode produzir sua própria energia, por exemplo, através de uma central fotovoltaica — isto é, baseada na conversão direta da radiação solar em energia elétrica.

De acordo com o documento Nota Técnica DEA 07/13 – Avaliação da eficiência energética e geração distribuída para os próximos 10 anos (2013-2022), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, o país tem caminhado na direção de incentivar a penetração da Geração Distribuída de pequeno porte, por exemplo, com a Resolução Normativa da Aneel nº 482/2012, a qual estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica.

Soluções sob medida

Há uma pressão adicional para tornar a geração de energia mais econômica e a presença de agentes múltiplos é um dos fatores que promovem o barateamento, o qual pode representar uma economia de 50% em relação ao sistema tradicional. Além disso, esses agentes podem desenvolver soluções sob medida para fornecer sistemas que produzem a energia elétrica e/ou térmica necessária para indústrias, edifícios comerciais, hospitais, shopping centers, aeroportos, universidades e até comunidades isoladas.

Por estar próxima do consumidor final, qualquer estação de Geração Distribuída tem como prioridade atender ao consumidor final. Na hipótese de haver excedente energético, este pode ser comercializado ou trocado com a concessionária. Mesmo porque, caso gere uma quantidade insuficiente de energia, a concessionária irá suprir as necessidades desse consumidor.

Criam-se, assim, modelos de geração mais dinâmicos, com soluções sob medida para cada perfil de consumidor, podendo ser implementadas cogerações usando motores ou turbinas a gás e biogás; turbinas a vapor; plantas híbridas com solar fotovoltaico, armazenamento de energia e microrredes inteligentes.

Eficiência em primeiro lugar

Cada uma dessas soluções ou o conjunto delas pode ser provida por diferentes agentes (concessionários, permissionários ou autorizados), com instalações conectadas ao sistema de distribuição, o que amplia as alternativas de produção e acesso à eletricidade.

Só para citar um exemplo, a maioria dos muitos benefícios das usinas de cogeração (conhecidas pela sigla CHP) vem de uma vantagem decisiva — eficiência —, já que elas se caracterizam pelo uso racional da energia. Enquanto apenas uma pequena parcela (35% a 60%) do combustível usado em usinas convencionais é convertida em energia, a eficiência energética pode atingir até 90% nas usinas de cogeração, graças à utilização do calor.

Para os negócios, isso naturalmente significa menos custos de produção para a mesma quantidade de energia. E não é por acaso que, para além das residências, a indústria e o comércio têm investido em unidades geradoras, o que contribui para o aumento da potência instalada de mini e microgeração, que deve atingir o número de 15 mil até o fim do ano, com a produção de quase 190 MW.

Com apoio da tecnologia, a Geração Distribuída já é uma realidade que transforma a vida das pessoas. E, à medida que houver maior conscientização e adesão a esse modelo, mais melhorias virão por aí. Para o meio ambiente e, também, para a economia e a competitividade do País.

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