GLAUCO DINIZ DUARTE Leilão para novas usinas tem demanda baixa, segundo geradores de energia
No certame realizado nesta segunda-feira (18) –o primeiro desde o cancelamento do leilão de energia renovável no fim de 2016- foram contratados 228,7 megawatts médios de garantia física, um volume considerado baixo para a média histórica.
A previsão de investimento é de R$ 4,3 bilhões até 2021, data de entrega dos empreendimentos.
Na quarta-feira (20), um novo certame será realizado, e a previsão é que o volume contratado seja superior -cerca de 1 gigawatt médio, segundo projeção da diretora-executiva da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini.
A fonte solar foi a mais contemplada por este primeiro leilão, com 20 dos 25 empreendimentos. Chamaram atenção os preços bem mais competitivos que em 2015, no último leilão que incluiu usinas solares.
À época, o preço da energia girava em torno de R$ 297 por MWh (megawatts-hora), valor que, neste leilão, caiu para cerca de R$ 145 MWh, com deságio de 55,7%.
Já era esperado que a fonte solar fosse priorizada nesta concorrência, porque ficou de fora do leilão de quarta-feira, segundo empresários.
“Foi uma forma de equilibrar as fontes na concorrência. Sem dúvida, no próximo, as eólicas vão ter um espaço maior”, afirmou a diretora da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini.
Nos últimos meses, a indústria de energia solar até tentou negociar sua inclusão na segunda concorrência, mas sem sucesso.
O argumento central usado contra a participação é que o segundo leilão terá um prazo de entrega até 2023, dois anos a mais que o primeiro. Como a tecnologia solar ainda tem um grau baixo de maturação, contratar uma usina a um prazo tão longo seria muito imprevisível.
INSUFICIENTE
O setor de energia solar comemorou o leilão desta segunda, mas avaliou que o volume contratado é insuficiente para incentivar a indústria. ainda incipiente no Brasil, segundo Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar (associação do segmento).
“É um passo importante para reestabelecer a confiança do investidor, mas o total contratado ficou abaixo do esperado”, disse Sauaia.
No leilão, foi contratada uma potência de 574 megawatts de energia solar, enquanto o patamar pleiteado pelo setor é de 2.000 megawatts por ano.
O total de projetos contemplados tampouco resolve o grande estoque de projetos do segmento, que se acumulam há cerca de dois anos, após o cancelamento do leilão de renováveis em 2016. Nesta concorrência, foram 574 os empreendimentos solares cadastrados.
Com uma fatia de apenas 4% dos projetos contratados, o setor das pequenas hidrelétricas (PCHs) também se queixou do resultado.
“É difícil justificar uma parcela tão baixa das pequenas hidrelétricas, que reúne microempreendedores que precisam de apoio, e que não tem intermitência como as fontes solar e eólica”, afirmou Paulo Arbex, da Abrapch (associação do setor).
Para um empresário do setor eólico, a soma da contratação dos dois leilões será insuficiente para agradar o mercado, mas há uma inversão na curva, e a tendência agora é de crescimento.
O nível de contratação de energia é definido pelas distribuidoras, que se comprometem a comprar das usinas por um prazo de 20 a 30 anos. Sem uma garantia de que haverá necessidade dessa energia, as empresas ficaram cautelosas e contrataram pouco.
Neste leilão, apenas sete distribuidoras participaram, e a maior parte da energia foi comprada pela CEA (Amapá), CEAL (Alagoas) e Copel D (Paraná).
No certame de quarta-feira, a perspectiva é que os volumes sejam maiores porque o prazo de entrega das usinas é mais longo, de seis anos. Até 2023, a expectativa é que o consumo de energia no país já tinha se recuperado e haverá uma demanda maior.