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GLAUCO DINIZ DUARTE  Tecnologia de placas fotovoltaicas orgânicas começa a ser utilizada no Brasil

O Brasil começa a aderir a uma das mais modernas tecnologias de geração de energia solar hoje à disposição no planeta – a chamada tecnologia OPV, sigla em inglês para painéis fotovoltaicos orgânicos.

Pouco mais de 2,5 mil m² da pele de vidro que revestirá o novo prédio da Totvs, ora em fase de conclusão na zona norte de São Paulo, será pintada com a tinta OPV, que converte a luz do sul em energia elétrica, como num passe de mágica.

A carga gerada será suficiente para manter ligados 2,5 mil computadores no novo prédio desta empresa que é a sexta maior desenvolvedora de sistemas de gestão do mundo.

Será a primeira grande aplicação comercial do produto no país. A tecnologia foi desenvolvida localmente pela Sunew, startup de Belo Horizonte (MG), que começou a funcionar apenas no ano passado.

O material, no entanto, em versões importadas, já pode ser adquirido faz algum tempo de firmas especializadas em comercialização de painéis fotovoltaicos, como a Auster Energy. Indústrias e edificações rurais são, por enquanto, as principais usuárias da OPV no país, mas elas somam uma quantidade ainda bem insignificante.

Mas, o que vem a ser exatamente essa tecnologia OPV? Para ir direto ao assunto, trata-se simplesmente de um dos maiores triunfos da Química e da Engenharia de Materiais nos últimos anos – a tecnologia foi dada como apta para aplicações comerciais apenas em 2012.

A tecnologia OPV tem como força motriz a capacidade da tinta orgânica que recobre os painéis que lhe servem de suporte – finos e flexíveis como cartolina, e semitransparentes – de reagir com a radiação solar. Esta, em contato com as placas, formará então a corrente elétrica que será disponibilizada para o usuário.

Na verdade, a célula orgânica fotovoltaica pertence ao mundo da chamada eletrônica orgânica. O funcionamento se dá pela absorção e condução da luz através de polímeros que atuam como condutores, para a produção de energia elétrica. O processo é possível por efeito fotovoltaico a partir da luz do sol.

Tudo na OPV é ecologicamente correto. As placas são construídas com material não tóxico – plástico PET, de maneira geral – e a tinta utilizada para reagir com o sol é inteiramente orgânica.

A tecnologia é tão econômica que é capaz de gerar energia suficiente para sustentar o dia a dia de uma família de quatro pessoas com uma única placa de 12 m, desde que instalada em um ambiente com boa iluminação natural.

Assim, as placas podem ser empregadas nos mais diversos ambientes, como tetos de casas, janelas e vidraças, quintais e jardins e até capotas de automóveis. Com a energia produzida, é possível alimentar computadores, telefones celulares e uma série de componentes eletrônicos dos automóveis.

PREÇO – A única desvantagem do produto é, por enquanto, o seu preço algo salgado, por falta de maior escala de produção. Os vidros do novo prédio da Totvs, por exemplo, custaram 40% a mais do que os tradicionais, despesa, porém, que deve ser compensada em sete anos pela economia de energia.

Os fabricantes acreditam, no entanto, que a tendência é de que, como qualquer outra tecnologia, a OPV tenha o seu preço reduzido com o passar dos anos, à medida que mais gente opte por essa alternativa em seus ambientes profissionais e residências. O mercado das placas de OPV ainda não representa nem 1% das opções de energia solar no mundo – no Brasil, seria praticamente traço no Ibope.

Mas a eficiência dessas células na transformação de luz solar em eletricidade faz crer que elas seriam uma alternativa melhor em comparação às células solares de silício. E que implicariam menores custos e maiores facilidades na instalação.

Para a empresa Sunew, que desenvolveu o projeto para a Totvs e investiu R$ 100 milhões nas pesquisas sobre a tecnologia OPV, um mercado importante será o das montadoras. Esse não é um mero desejo dos seus diretores, já que a Fiat, por exemplo, firmou uma parceria com ela e tem feito testes para usar a tecnologia em modelos da marca.

A tinta, que pode ser colocada no teto dos carros, reduziria em 3% o consumo de combustível, normalmente gasto para recarregar a bateria. O material também permitiria manter um exaustor funcionando, quando o veículo estiver estacionado ao sol. Isso evitaria a elevação da temperatura no interior do automóvel.

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