GLAUCO DINIZ DUARTE Clube de assinaturas para consumo de energia fotovoltaica já é realidade no Brasil
Disseminar e popularizar o uso da energia solar sem a necessidade de instalação de painéis fotovoltaicos em casa. Este é o objetivo de uma startup brasileira de tecnologia da informação, que está em vias de lançar o Clube Watt, uma modalidade de assinaturas que oferece descontos para abater na conta de luz.
Por meio desta iniciativa, a startup espera ampliar ainda mais o uso da fonte solar fotovoltaica na matriz energética brasileira, que vem crescendo exponencialmente no Brasil. Para se ter uma ideia, no início deste ano, o País atingiu a marca de 500 megawatts (MW) na geração solar distribuída, além de possuir cerca de 1,1 mil MW de grandes usinas.
O CEO da startup, Daniel Dora, explica que o Clube Watt pretende ser uma alternativa para quem não possui condições nem espaços físicos para manter geradores fotovoltaicos em residências. “A proposta é democratizar ainda mais a energia solar no Brasil”, diz.
O Clube Watt, que leva no nome a referência da unidade de medição da potência elétrica, quer eliminar a etapa de montagem de uma usina de geração individual. Por meio de uma assinatura, o sócio do clube aluga cotas de energia correspondentes ao seu consumo, que serão revertidas em descontos progressivos na conta de luz emitida pela concessionária de energia. “De largada, o assinante tem abatimento de 20% no primeiro ano de assinatura”, garante Dora.
Para quem se interessar, a pré-associação ao clube custará R$ 50,00 para pessoas físicas. Nesta primeira etapa isto permitirá à empresa dimensionar a quantidade de quilowatts que deverão ser disponibilizados. Ainda segundo o CEO da empresa, se a quantidade de energia não for atingida em um ano, o valor será devolvido ao associado. Dora afirma ainda que se houver disponibilidade de energia para suprir a demanda dos associados na área, o valor para participar do clube sobe a R$ 100,00.
A energia virá de fazendas fotovoltaicas da própria startup, com lotes de 50 kw/h por mês em cada unidade, que são repassados para as distribuidoras de energia. Assim, a conta do associado vem com os quilowatts alugados já descontados. “O sócio passa a número da Unidade Consumidora e o CPF. Nós fazemos todo o trâmite com a concessionária e o cliente recebe a conta já com o desconto”, explica o CEO, que já projeta mais unidades de geração para suprir o clube no Rio Grande do Sul e outras regiões.
Sobre o projeto
O Clube Watt surgiu por meio de um acordo com o Instituto Federal do Ceará, junto com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), com captação de R$ 1,9 milhão para o desenvolvimento da tecnologia.
A empresa começou em 2016 como uma spin-off da Conceptu Protótipos & Sistemas dentro de uma pesquisa de mestrado acadêmico e, desde então, vem pensando na prática do produto. Mas o negócio só se tornou possível a partir de uma resolução normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do final de 2015, que criou o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica, que estimula investimentos que demonstrem “originalidade e viabilidade econômica nos processos e usos finais de energia”.
O clube ainda está em fase de testes, mas já possui clientes potenciais. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs) será o primeiro cliente âncora da empresa, com o investimento de R$ 1,5 milhão para instalação de placas solares nos campi de Viamão e Porto Alegre. O objetivo é fazer com que o Campus Viamão seja 100% consumidor de energia fotovoltaica.
Entretanto, a energia não é o mote principal da empresa. “O Clube Watt é uma empresa de software. Começamos gerando os descontos por meio das cotas e, assim, controlamos como o cliente consome sua energia”, diz Dora. Com a evolução do negócio, os dados permitirão mapear o perfil de consumo de cada assinante. A partir destas informações, a ideia é evoluir para um clube de benefícios, onde os sócios podem trocar pontos acumulados por itens que reduzam o consumo de energia em casa, como eletrodomésticos.