Glauco Diniz Duarte Empresário – limpa e energia renovável
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a transição dos combustíveis fósseis para a energia limpa está avançando, e muitos empregos estão em risco. Com a preocupação persistente sobre o desemprego, surge a questão de se as energias renováveis podem preencher o vácuo criado pelo declínio dos combustíveis à base de carbono.
A indústria de energia atualmente emprega mais de 3,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos, incluindo os que trabalham em setores tradicionais de energia, como petróleo ou carvão, e aqueles que trabalham com energias renováveis.
Quando pensamos em trabalhadores de energia, mineiros de carvão ou instaladores de painéis solares podem vir à mente. Mas essa mudança também afetará os trabalhadores da construção civil, pessoal administrativo, funcionários de postos de gasolina (que são cerca de 900 mil nos EUA) e muito mais.
E o efeito geral que essa mudança terá na economia americana – por exemplo, por meio de mudanças nos preços da energia – poderia impactar o emprego em quase todas as indústrias.
Mas as estatísticas para as tendências atuais do emprego na indústria da energia têm muitas advertências e as projeções para o futuro são ainda mais nubladas.
Os decisores políticos têm influenciado fortemente o crescimento ou o declínio em diferentes setores. Energia solar e eólica foram subsidiadas, enquanto novos regulamentos estão criando tempos difíceis para a indústria do carvão. Quanto à energia nuclear, gás natural e outras formas de energia, há ainda menos clareza como a política se desenvolverá.
Outros fatores que afetarão o emprego durante essa mudança incluem os impactos econômicos globais do movimento para as energias renováveis, quanto trabalho intensivo cada tipo de energia requer para ser produzida e melhorias da tecnologia envolvida. Estas e outras variáveis tornam difícil qualquer previsão definitiva sobre o emprego.
Tendências atuais do emprego na indústria de energia
Enquanto as estatísticas atuais mostram um aumento no emprego de energia renovável e uma queda no emprego de combustíveis fósseis, isso não é uma troca simples.
Atualmente, existem cerca de 534 mil empregos em energia renovável nos EUA, de acordo com o primeiro relatório anual sobre o emprego na indústria de energia divulgado este ano pelo Departamento de Energia dos EUA. Por outro lado, há cerca de 1 milhão de empregos vinculados a combustíveis fósseis e 43 mil em energia nuclear.
Entre as energias renováveis, a energia solar está na liderança do crescimento do emprego. A Fundação Solar previu uma taxa de crescimento de 14,7% para 2016. Embora isso seja impressionante (12 vezes maior do que o crescimento da economia global), é uma queda considerável do crescimento de 20% em 2015. Alguns dizem que este é o início de uma tendência descendente.
Mas subsídios solares renovados pelo Congresso americano depois que essa previsão foi feita podem impulsionar o número de postos e trabalho.
O emprego na extração de petróleo e gás encolheu 18% em 2015, segundo dados do Departamento de Estatística do Trabalho (BLS) dos EUA, analisados pelo Instituto Brookings. Mas alguns empregos nesta indústria ainda são esperados prosperarem nos próximos anos. Posições para engenheiros de petróleo, que projetam maquinaria para extrair petróleo e gás, ainda devem aumentar em 10% ao longo da próxima década, segundo o BLS.
Estudo de caso: carvão versus energia solar
Vejamos com mais atenção a questão do emprego de carvão versus de energia solar, mas como uma parte da maior e mais complexa questão do emprego na indústria global de energia.
“Percebemos essa grande reação crítica contra a energia renovável porque ela destruirá todos esses empregos de carvão”, disse Joshua Pearce, PhD, professor-associado da Universidade Tecnológica de Michigan. Pearce cresceu no oeste da Pensilvânia, onde o declínio da indústria do carvão é uma questão pessoal. “Essas são pessoas reais com vidas reais, como podemos deixá-las empregadas?”, comentou ele.
Pearce foi coautor de um estudo que analisou como os trabalhadores da indústria do carvão poderiam transitar para a indústria solar. Ele descreveu os resultados como “principalmente otimistas”. Algumas habilidades são diretamente transferíveis, enquanto algumas exigirão reciclagem técnica. Mas no geral, disse ele, a maioria dos trabalhadores do carvão poderia encontrar empregos na crescente indústria solar.
Existem atualmente nos EUA cerca de 150 mil postos de trabalho em carvão e cerca de 300 mil em solar. Solar é mais intensivo em mão-de-obra por causa de todos os trabalhos de instalação e suporte ao cliente, explicou Pearce, enquanto grande parte da indústria do carvão é automatizada.
Solar exige mais trabalho-intensivo, criando espaço para crescimento
Alex Winn, diretor de programa da Fundação Solar, disse por e-mail: “A contínua expansão solar provavelmente produzirá um aumento líquido no emprego apesar das potenciais perdas de emprego de combustíveis fósseis, dado que a energia solar é mais intensiva em mão-de-obra por unidade de energia produzida.”
A maioria dos trabalhos solares está na instalação. Isto levanta a questão, será que a instalação atingirá um pico e eventualmente um platô e declínio uma vez que todos os locais apropriados já tenham painéis instalados?
Winn colocou em perspectiva o potencial de crescimento sustentável: “Existem aproximadamente 130 milhões de edifícios residenciais e comerciais nos Estados Unidos. É possível que apenas metade deles tenha a exposição correta, o sombreamento e outras condições ideais para a energia solar.”
“Mesmo com 65 milhões de propriedades, os instaladores solares poderiam acelerar o ritmo para 3 milhões de instalações por ano [três vezes o total atual instalado] e ainda estarem ocupado por duas décadas. Além disso, o crescimento da população, as novas construções e a manutenção/substituição de milhões de sistemas poderiam suportar a atual demanda de trabalho.”
Outros tipos de energia
Agora, recuemos novamente e observemos o setor de energia mais amplo, as perspectivas de emprego para outras fontes de energia renováveis e tradicionais.
Atualmente, existem cerca de 88 mil empregos na indústria de energia eólica nos Estados Unidos, um aumento de 20% desde 2014, segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). E isso poderia crescer para 600 mil até 2050, segundo o Departamento de Energia dos EUA. Essa seria uma parte substancial dos atuais 1 milhão de empregos em combustíveis fósseis que precisam, em teoria, ser substituídos, caso os combustíveis fósseis sejam erradicados.
O vento é limitado geograficamente, observou Pearce, porque exige locais particularmente ventosos. Mas Larry Sherwood, presidente e CEO do Conselho Interestadual de Energia Renovável (IREC), disse que isso ainda pode funcionar, pois convenientemente em locais onde a energia solar é mais fraca, a energia eólica é mais forte, e vice-versa.
Sherwood também observou que a energia eólica traz empregos de manufatura para os Estados Unidos, uma vez que as grandes turbinas são dispendiosas para serem transportadas. Por outro lado, a maioria dos painéis solares é fabricada na China.
Biomassa e outras energias renováveis atualmente geram cerca de 122 mil empregos e hidrelétrica outros 36 mil nos EUA, segundo o Departamento de Energia. Apesar do aumento da produção de etanol e de outros biocombustíveis nos Estados Unidos, o emprego nessa indústria caiu 2% devido à mecanização, segundo a IRENA.
A energia geotérmica gerou apenas cerca de 5.200 postos de trabalho em 2010, segundo a Associação de Energia Geotérmica, mas que poderia criar cerca 100 mil postos de trabalho nos próximos 30 anos.
Quanto aos empregos relacionados a outras indústrias tradicionais de energia, Pearce disse que muitos deles poderiam seguir o caminho do carvão.
“A energia nuclear não é econômica, ela não pode cobrir seus próprios custos de seguro”, disse Pearce. Os cientistas de materiais avançados na indústria nuclear terão outros lugares para encontrar trabalho, disse ele, talvez no uso médico de materiais nucleares. Por exemplo, alguns marca-passos cardíacos são alimentados por baterias de material nuclear.
No entanto, para a energia nuclear, como para qualquer indústria de energia, a política poderia fazer toda a diferença. Nova York determinou recentemente que a energia nuclear é considerada importante para atingir seus objetivos de energia limpa, uma vez que a produção de energia nuclear não emite carbono. Solar e eólica não são suficientes atualmente para suprir a rede de energia. Os subsídios estaduais certamente salvam os postos de trabalho nucleares, já que algumas das fábricas estavam prestes a fechar.
O gás natural tem crescido, mas os movimentos anti-fracking (ou fraturamento hidráulico) podem afetar os trabalhos nessa indústria. “Tudo isso é impulsionado pela política”, disse Pearce. “Se o fracking repentinamente é legislado em desfavor,… então que a indústria também deverá declinar, e seria como a indústria do carvão.”
O armazenamento e conservação de energia também poderiam abrir muitos postos de trabalho. Um grande desafio para as energias renováveis é que elas podem não ser confiáveis; se o vento não está soprando ou o sol não está brilhando, outros tipos de energia são necessários para alimentar a rede.
No momento, o armazenamento com baterias não é viável economicamente em grande escala, mas Pearce disse que o preço das baterias caiu pela metade em apenas alguns meses enquanto ele trabalhava num estudo relacionado. Novas tecnologias promissoras estão sendo desenvolvidas a este respeito, disse ele, e “isso poderia mudar fundamentalmente a rede de energia”.
Segundo ele, as perspectivas para muitos de seus alunos ao entrarem na força de trabalho serão no desenvolvimento de uma rede de energia que possa integrar as novas tecnologias e gerenciar a energia de forma eficiente.
Os postos de trabalho relacionados com eficiência energética (fabricação de produtos ou prestação de serviços que reduzem o consumo de energia) são uma grande fatia da indústria de energia. Em Nova York, 82% dos empregos com energia limpa estão na eficiência energética.
Previsões pessimistas
Enquanto muitas organizações e agências governamentais incentivam o crescimento do emprego por meio de energias renováveis, nem todo mundo é tão otimista.
Um estudo realizado pela Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Energético do Estado de Nova York (NYSERDA) descobriu que cerca de 2.300 postos de trabalho seriam criados no estado por instalações de painéis solares até 2025, mas “os empregos em toda a economia seriam reduzidos em 750 até 2049, por causa da perda de renda discricionária que teria apoiado o emprego em outros setores da economia”.
Esta “perda de renda discricionária” ocorre principalmente devido ao aumento nos custos de energia. O estado de Nova York estimou um aumento de cerca de 1-2% nas contas dos contribuintes à medida que se transita em direção a suas metas de energia limpa.
Timothy Considine, professor de economia da Universidade do Wyoming, estudou a transição para as energias renováveis em 12 estados. Ele relatou que os efeitos negativos das taxas de eletricidade mais elevadas sobre o emprego superam os benefícios. Ele previu que cada estado perderia cerca de 5 mil postos de trabalho até 2020 como resultado do movimento em direção às energias renováveis.
Considine tem sido chamado de “acadêmico do fracking”, porque muitos de seus estudos têm sido utilizados para apoiar a indústria de gás natural. Ele não respondeu ao Epoch Times até o momento da publicação desta matéria.
Analistas diferentes incluem fatores diversos em suas equações e utilizam equações distintas ao avaliar o valor econômico das energias renováveis, incluindo as oportunidades de emprego. Desta forma, enquanto um analista diz que empregos serão perdidos, outro pode dizer que postos de trabalho serão criados.
E isso é de se esperar, disse Sherwood.
As energias renováveis são “uma maneira fundamentalmente diferente de gerar eletricidade”, disse ele. “É mais difícil projetar para o futuro, porque não podemos apenas nos basear num modelo do que ocorreu no passado e assim descobrir o que acontecerá no futuro. É razoável ou esperado que pessoas diferentes tenham modelos amplamente variados do que ocorrerá daqui a 10 ou 20 anos.”