Glauco Diniz Duarte Empresário – porque economizar energia ajuda o meio ambiente
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a geração de energia elétrica sempre provoca algum efeito na natureza, mas cada processo tem suas particularidades. Confira quais as vantagens e desvantagens dos principais tipos de usinas disponíveis, levando em conta não só a questão ambiental, mas também os custos e a viabilidade de cada técnica.
Hidroelétrica
Mais de 80% da energia gerada no Brasil vem de usinas hidroelétricas. Essa energia é gerada pela correnteza dos rios, que faz girar turbinas instaladas em quedas d’água. De modo geral, a tecnologia é considerada limpa, uma vez que praticamente não emite gases de efeito estufa, que fortalecem o aquecimento global.
O grande problema ambiental – e também social – causado pelas hidroelétricas é a necessidade de represar os rios. Vastas regiões são alagadas, o que provoca não só a retirada das populações humanas do local, como alterações no ecossistema.
Por conta disso, projetos de usinas para o Norte do Brasil – como a polêmica obra de Belo Monte – preveem reservatórios menores. Contudo, isso torna a geração mais dependente do volume de água e, portanto, exige que haja outras fontes de energia para garantir o abastecimento constante.
Eólica
A grande dependência do clima também é um problema das usinas eólicas – nas quais o vento move hélices que acionam turbinas. Esta alternativa não pode ser usada sozinha, é preciso que haja um sistema para complementá-la, mas faz sucesso por ser ecologicamente correta. “É energia de mais baixa emissão de gás de efeito estufa”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia da organização ambientalista Greenpeace.
Uma alternativa é fazer com que eólicas e hidroelétricas se completem. “No Nordeste, os ventos sopram mais forte justamente na época mais seca”, exemplifica Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Esse é o tipo de usina que mais cresce no mundo. “É a bola da vez mesmo”, diz Roberto Schaeffer, professor de planejamento energético da pós-graduação em engenharia da UFRJ. Por isso mesmo, o custo vem caindo.
Contudo, não é muito potente, e é preciso instalar várias usinas lado a lado para se obter bons resultados. Na Europa, já há comunidades que reclamam da poluição visual, que prejudica o turismo, relatam Schaeffer e Tolmasquim.
Termoelétrica
As usinas termoelétricas são o tipo mais comum do mundo. Nela, é queimado um combustível – carvão e gás natural são os mais usados – para ferver água. O vapor gira uma turbina e assim gera energia. “São imprescindíveis”, acredita José Manuel Diaz Francisco, coordenador de comunicação e segurança da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás. “São usinas mais baratas, com tecnologia consolidada e possuem a vantagem de garantir um suprimento de energia que não depende das condições”, completa.
O processo de queima da água, no entanto, traz um efeito indesejado. “Tem os piores impactos ambientais em termos de emissão de gases de efeito estufa e poluição do ar”, afirma Baitelo, do Greenpeace.
As termoelétricas a carvão respondem por mais de 40% da produção mundial de energia; as movidas a gás ocupam o segundo lugar na lista, com cerca de 21%. Entre os dois, o carvão é mais barato, porém polui mais. Além de emitir mais gás carbônico – responsável pelo aquecimento global –, causa poluição local, emitindo substâncias como enxofre e óxido nitroso, que afetam a respiração. Hoje em dia, há filtros capazes de reduzir esses efeitos, mas eles encarecem a construção das usinas.
No Brasil, uma alternativa mais ecológica é o uso da biomassa. Quando se usa material orgânico – o mais comum no país é o bagaço da cana –, a combustão não emite gases de efeito estufa. Isso acontece porque o gás carbônico liberado é utilizado pelas plantas na fotossíntese, fechando o ciclo do carbono. Os custos são semelhantes aos das termoelétricas a carvão.
Para Roberto Schaeffer, da UFRJ, “é melhor até que a hidrelétrica do ponto de vista ambiental”. Já Ricardo Baitelo não se entusiasma. “Do ar diretamente relacionado a queimadas, afeta bastante populações próximas a canaviais e aumenta incidência de doenças respiratórias”, indica o especialista do Greenpeace.
Nuclear
O termo mais correto para denominar uma usina nuclear é “termonuclear”. Seu funcionamento é idêntico ao das demais usinas termoelétricas, a diferença está no combustível. A fissão nuclear do urânio – ou do plutônio – gera o calor e produz, por outro lado, material radioativo que tem de ser monitorado por milhares de anos, o que é apontado como o principal problema por todos os especialistas ouvidos.
“Acredito que seja o pior tipo de energia. Por mais que setor nuclear diga que todo empreendimento energético está vinculado a acidentes, a diferença é a perversidade do acidente nuclear. A radiação se estoca no organismo e pode ser transmitida por gerações”, reclama Baitelo, do Greenpeace.
Embora acidentes sejam raros, o risco não pode ser considerado pequeno. “Risco é a probabilidade de ocorrer um acidente multiplicada pela magnitude do dano. A probabilidade de acidente é baixíssima, mas os efeitos são muito graves”, explica Schaeffer, da UFRJ. “É como ter medo de andar de avião: há menos acidentes que carro, mas, quando há, são mais graves”, completa.
Apesar do risco de acidentes, a energia nuclear é benéfica ao meio ambiente em um aspecto.
“O combustível em um reator nuclear não é queimado, portanto não há emissão de gases poluentes”, destaca José Manuel Diaz Francisco, da Eletronuclear.
Fotovoltaica
Os painéis fotovoltaicos são feitos de materiais semicondutores à base de silício. Quando recebem radiação solar, liberam elétrons e geram energia.
“É uma beleza, mas é caríssimo”, resume Schaeffer, da UFRJ. Para ele, o uso só se justifica em situações pontuais, em locais de acesso muito difícil. Caso contrário, só é viável se houver subsídios. Baitelo, do Greenpeace, diz que faltam tais incentivos no país. “É a mais cara no Brasil porque não temos legislação”, reclama.
Tolmasquim, da EPE, aponta também que a capacidade de geração de cada painel é muito pequena, de forma que uma usina teria de ocupar uma área muito maior que uma termoelétrica para produzir a mesma energia.
Para José Manuel Diaz Francisco, o investimento vale a pena. “É uma tecnologia que precisa ser incorporada ao cotidiano de prédios e residências para atender a demandas pequenas. Não nos podemos deixar de integrar este tipo de tecnologia, pois é necessário diversificar a matriz energética”, argumenta.