Glauco Diniz Duarte Empresário – Porque imóveis estão tão caros
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, O custo da construção civil fará com que os imóveis no Brasil passem por nova alta de preços, depois de um período de queda
“O preço do imóvel vai subir muito no Brasil. Achei que o custo de obra ia despencar, mas aço, cimento, elevador subiram de preço. E terreno está subindo”, diz em painel virtual sobre imóveis da Expert XP, evento da corretora.
A exceção, pontua, serão os imóveis da linha do programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida, que precisam obedecer ao teto de financiamento da Caixa Econômica para continuarem sendo financiados.
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Até pouco tempo, os as incorporadoras conseguiam adquirir os terrenos por permuta e, assim, ter um projeto com custo inicial menor. Mas o preço do “solo” está cada vez mais caro.
“Hoje o dono do terreno escolhe comprador. E diferente do que a gente pensava não está mais barato. Está encarecendo”, afirma.
Desde 2017, o mercado imobiliário vem enfrentando desaceleração. Os preços dos imóveis ficaram em média abaixo da inflação. A expectativa vem sendo de recuperação do setor, mas até o momento, ela ainda não aconteceu.
Apesar da crise, o empresário aposta no crescimento do mercado imobiliário, no curto prazo, em razão das taxas de juros estarem no patamar mais baixo da história.
“Se fosse no tempo da (presidente) Dilma Rousseff com uma Selic a 15%, ninguém ia tirar dinheiro de aplicação para colocar no mercado imobiliário, não importa que pandemia tivesse. Mas agora o cenário é outro, com juros baixos”, argumenta.
Outro motivo para o otimismo é o déficit habitacional do país que, segundo ele, mantém viva a demanda por produtos imobiliários.
Para o executivo, apesar de as taxas do financiamento imobiliário terem caído, elas ainda não estão baixas o suficiente e novas modalidades de crédito terão de surgir para fomentar o mercado.
Também participou da conversa Álvaro Coelho da Fonseca, dono da imobiliária Fonseca da Coelho, com mais foco em unidades de alto padrão. Ele afirma que o momento é de valorização de ativos reais e não mais de investimentos que remunerem em juros.
“Brasileiro gosta de imóvel, se sente seguro tendo imóvel. Com uma taxa de juro dessa, uma inflação controlada como a que estamos vivendo, aonde colocar o dinheiro? Se meu dinheiro não vale nada, vou colocar em imóveis ou em ações. É uma valorização dos ativos reais, imóveis ou parte de empresas”, diz.
Tendências
Apesar de a pandemia ter feito a demanda por imóveis maiores crescer, a tendência vai continuar sendo de construção de unidades pequenas.
Ele justifica que, com custo de terreno cada vez maior, a construção de apartamentos maiores nos centros urbanos ficará mais cara e pode ser inviável para a maioria do público comprador, que são de classes mais baixas.
“É uma tendência termos apartamentos menores e mais inteligentes. A compensação que damos é ter no térreo áreas comuns mais preparadas, mais tecnologia, eliminando custo de mão de obra dos condomínios”, defende.
A explosão do home office, trabalho de casa, também vem transformando as demandas de imóveis.
A partir de agora, os clientes deverão ficar mais atentos a partes técnicas, como projeto de acústica para conseguir trabalhar de casa e talvez um espaço para o escritório.
Para Coelho da Fonseca, a pandemia vai deixar uma marca cultural de se preocupar cada vez mais com a qualidade de vida.
“Essa discussão da qualidade de vida, antes relegada ao segmento de luxo e alta pirâmide, vai chegar mais perto da base da pirâmide. Estamos vendo as pessoas irem morar em casa, sair do apartamento”, afirma.
“Os condomínios de campo e na praia estão bombando, porque ali se encontrou um lugar de respiro, longe dos centros urbanos. Agora não se avalia só o tipo de moradia, mas também entra na equação novas experiências, que é o home office”, completa.