Glauco Diniz Duarte Empresário – A evolução histórica da construção civil no Brasil
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a história da Construção Civil confunde-se, algumas vezes, com a própria história da humanidade. Isto porque, à medida que as sociedades foram se tornando mais complexas, a construção civil se consolidava como uma das necessidades mais básicas dos seres humanos.
Muito cedo nas nossas sociedades a Construção Civil se fazia presente e, acima de tudo, sempre necessária.
Neste artigo vamos contar, com alguns detalhes e, de forma resumida, mostrar os principais capítulos da história da Construção Civil no mundo.
Vamos mostrar como essa ciência foi se desenvolvendo com o passar dos milênios, como cada cultura acabou desenvolvendo um estilo particular e o quanto outras questões nas construções são capazes de identificar um povo. Afinal, é indiscutível a importância desse tipo de trabalho na sociedade no geral.
Vamos mostrar também a importância e o status ocupados por Engenheiros Civis e Arquitetos ao longo da história e como o trabalho de muitos deles consegue transcender o tempo, embora seus nomes tenham sido esquecidos.
Como começa a história da Construção Civil?
É interessante considerar que na pré-história, apesar de parecer quase impossível, já havia sinais de rudimentos de Construção Civil.
O empilhamento de pedras no estilo Dolmén e outros conhecimentos de Construção Civil já se faziam presentes, deixando claro que a humanidade estava destinada a, literalmente, grandes obras.
Mais adiante, com o aprendizado da humanidade em relação ao metal, o trabalho em pedra, e posteriormente em tijolo, começou a tomar forma. Pouco a pouco a humanidade não precisava mais disputar as cavernas com outros animais.
O ser humano passou a utilizar pedra, madeira e barro para construir suas próprias cavernas e fazer com que a vida fosse um pouco mais fácil e mais segura.
Na transição entre a pré-história e as primeiras grandes civilizações, não se pode deixar de dizer que muito do que marcou a cultura foi sua capacidade de empreender grandes feitos de Construção Civil.
Em muitos casos, as tradições religiosas ou, ainda, as diferenciações entre os líderes e as pessoas comuns, foram demarcados pelo estilo e grandiosidade das construções. Os grandes palácios e templos demonstram bem o que foi a Construção Civil na antiguidade, mas com certeza isso não era tudo.
Hoje em dia há um tipo de construção simples e sem grande importância na atualidade, mas pensada como uma das grandes obras de Construção Civil que garantiram que a humanidade prosperasse: as paliçadas, muros e muralhas, que eram construídas ao redor das vilas e cidades, que se transformaram em Nações e foram construções tanto civis quantos militares.
Isto porque, além de permitirem que a defesa da cidade fosse mais fácil, elas também se tornaram um tipo de fronteira, uma delimitação de território e determinava a influência política de determinada autoridade.
Outro feito garantido pela Construção Civil foram as obras relacionadas ao desvio do curso dos rios. Graças aos sistemas de irrigação, não mais baseando as colheitas na sorte de que chova, mas na canalização da água dos rios, possibilitando muito mais certeza de colheita.
E com o tempo gasto economizado pelo cultivo de alimentos, além do desenvolvimento dos processos de cozimento, foi possível a humanidade desenvolver suas ciências e outras atividades intelectuais.
Desta maneira, não é exagero dizer que a Construção Civil é, em sua essência, o que permitiu que nossa cultura como humanidade pudesse ser geograficamente protegida o suficiente para prosperar.
Logicamente, quando falamos em Construção Civil na Idade Antiga é simplesmente impossível não citar os egípcios.
Os egípcios são, definitivamente uma das civilizações mais eficientes quando o assunto era Construção Civil. Além das grandes pirâmides, da Esfinge e de todas as cidades que ainda são encontradas de pé ainda hoje, o estilo construtivista egípcio era tão eficaz que, durante o século XVIII, era comum as pessoas reaproveitarem materiais de construção da época dos faraós para construir suas casas.
Com toda certeza Grécia e Roma também devem ser citadas neste quesito.
Tanto uma quanto outra tinham estilos que não visavam apenas a utilidade, mas também a estética. E geraram criações tão interessantes que acabaram gerando um movimento de resgate na Europa medieval, o Renascimento.
Sem dúvida alguma, também foram pioneiros em Construção Civil, principalmente em áreas como saneamento básico, pavimentação de estradas, utilização de acústica, e tantas outras questões que nos são úteis até os dias atuais.
Um detalhe interessante é que os romanos foram alguns dos primeiros a utilizar o concreto, que essa época era feito por uma mistura formada principalmente por cinzas vulcânicas, que após solidificada, permitia um resultado parecido com o cimento utilizado hoje.
Na índia era comum, ainda, utilizar-se principalmente de madeira como principal matéria-prima, apenas os grandes templos dedicados aos deuses construídos em pedra e materiais similares.
Outras civilizações que devem ser exaltadas por suas capacidades construtivas são, sem dúvida, os americanos Maias, Astecas e Incas.
Fazem parte de suas construções grandes templos de pedra, com formas parecidas às apresentadas nas pirâmides egípcias, além de outros projetos notáveis como as cidades de Machu Picchu e Tenochtitlán.
Finalizamos nosso passeio pela história antiga comentando as construções chinesas. A civilização chinesa foi responsável por uma das maiores obras de Construção Civil que até hoje impressiona por sua grandiosidade e pela sua robustez. Estamos falando, é claro, da grande muralha da China.
Chega a ser curioso o fato de que o interesse de proteger o Império Chinês das invasões da Mongólia tenha gerado uma obra tão grandiosa. Até hoje ela é celebrada como uma das maravilhas que a humanidade conseguiu desenvolver.
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História da construção medieval europeia
Depois da queda final do império romano, a Europa acabou desunida, dividida em diversos reinos e principados, que disputavam o poder em um verdadeiro caldeirão de caos e guerras. Nesse cenário, mais uma vez a Construção Civil era desafiada a criar uma realidade física para a Europa que conseguisse ter alguma função além de abrigar.
Esta foi a era dos grandes castelos cercados por fossos profundos, pontes levadiças e grandes muralhas, recursos apenas disponíveis graças à evolução da Construção Civil.
A construção de fortalezas cada vez mais elaboradas, muralhas circundando e isolando uns aos outros, terras férteis sendo protegidas com os castelos, deram um status de nobreza aos militares desta época, dando uma vantagem social e política que lhe dava um poder incrível, sendo que apenas a igreja conseguia competir com tal poder.
As igrejas dessa época também já começavam a ficar cada vez mais interessantes e, em alguns aspectos, assustadoras.
A Igreja tinha como objetivo fazer com que as pessoas temessem o inferno e, acima de tudo, que temessem a ira de Deus. Uma das formas utilizadas para expressar a grandiosidade de Deus e o terror que ele conseguia provocar era por meio de suas igrejas góticas.
A função do engenheiro ainda não existia nesta época e a maior parte do conhecimento que existia a respeito de construção era obtido de forma prática e por meio de tentativa e erro. Por isso, os construtores eram celebrados e, em alguns aspectos, até protegidos pela nobreza.
O mundo árabe medieval e o que sobrou do grande império romano também é uma questão interessante e importante ser citada.
Da mesma forma que os europeus, os árabes também se aproveitaram do que havia sobrado do império romano em alguns aspectos, copiando algumas de suas técnicas de construção. Isso não significava, porém, que os árabes tenham ido muito além do que os próprios europeus conseguiram simular, mas uma das questões que se tornou fundamental como parte da identidade da arquitetura árabe foi desenvolvida em parte nesta época. As grandes abóbadas, estilo muito utilizado em mesquitas e outros prédios de importância, marcou o estilo de construções árabes.
Uma vantagem que os árabes obtiveram dos europeus nesse sentido, especialmente na reprodução de resultados positivos no campo da Construção Civil, envolve o fato de que eles tinham uma matemática muito mais desenvolvida.
E como uma das aplicações mais interessantes para matemática é exatamente a Construção Civil, não é difícil de imaginar que os árabes tenham se utilizado desta vantagem para tornar os cálculos de construção mais precisos, ou seja, com esse reforço acabaram saindo na frente em diversas questões construtivas, até por causa estilo construtivo escolhido como predominante.
Importante considerar as referências do estilo árabe, que fazem uma mistura entre estilos romanos, egípcios, persas e bizantinos, para criar algo próprio que tivesse profunda relação religiosa, mas que era também uma forma de expressão coletiva.
O renascimento e o reconhecimento
Foi na época do renascimento europeu que a Construção Civil ganhou uma missão diferente. Nesse período a engenharia obteve seu status de ciência, tendo em vista o reconhecimento do uso do método científico, e as construções planejadas passaram a representar um papel mais importante na sociedade.
Foi nesta época que arquitetos começaram a assinar os prédios que desenvolviam, da mesma forma que pintores e escultores assinavam suas obras.
Outra bagagem deixada pelo renascimento europeu foi a criação da prensa de Gutenberg e a impressão de livros de forma mais popularizada.
Houve o aumento da circulação de livros e começaram a circular também os manuais de engenharia civil que, muito antes dos cursos superiores surgirem, eram as principais fontes de informação dedicadas à construção civil.
Foi nesta época também que começaram a surgir as primeiras guildas profissionais, que viriam a se tornar as Universidades.
Uma curiosidade que poucas pessoas vão lembrar é que a maçonaria, fraternidade existente até hoje iniciou-se como uma guilda de pedreiros, como os engenheiros civis eram conhecidos na época.
Da idade moderna adiante, até a revolução industrial, a Construção Civil deu saltos consideráveis, pois com a ampla utilização de novos materiais, especialmente o surgimento de materiais de mais fácil manuseio, os engenheiros civis passaram a conseguir construir maravilhas cada vez mais incríveis.
Suprindo a velocidade com que novas fábricas, estradas e tantas outras coisas precisavam ser construídas para a produção, armazenamento e escoamento de produtos.
Os cursos de Construção Civil já eram comuns nas universidades e muitos jovens tinham ambições, querendo ser os próximos grandes engenheiros que estavam ajudando a construir o futuro.
Em muitos projetos a estética foi precedida pela funcionalidade, pois em alguns momentos e construções a utilização prática era mais importante do que a beleza da construção. Com o tempo vieram outras preocupações como incidência solar, circulação de ar, aproveitamento do terreno, etc.
Nesta época, inclusive, uma das principais inovações envolveu a construção de túneis e notou-se que poderiam se utilizar das armações de ferro pré-fabricadas para realizar construções cada vez mais eficientes e mais rápidas.
Construção Civil: conquista de profundezas e ganhar de asas
Construções de grandes altitudes eram desejos da humanidade desde a antiguidade, vide a lenda da Torre de Babel. Mas os prédios realmente grandes começaram a ser desenvolvidos com mais frequência e com grande aproveitamento de espaço interno apenas no século XX.
Estes gigantes foram apelidados de arranha-céus por pessoas comuns. Elas não acreditavam que prédios poderiam chegar a se manter de pé com dez, vinte, trinta andares.
Em todos os lugares do mundo onde houvesse um arranha-céu as pessoas ficavam temerosas e simplesmente abismadas.
Às duas grandes guerras acabaram trazendo um tipo de evolução para a Construção Civil que não gostaríamos de ter, como construções com grossas chapas de aço nas janelas, que se transformavam em verdadeiros cofres caso a ameaça de bombardeio existisse. Ficou comum também a construção de porões que pudessem ser utilizados quase como bunkers durante ataques aéreos.
As dificuldades geográficas, pré-requisitos relacionados aos terrenos, eram cada vez mais superáveis por meio da tecnologia envolvida nas construções.
A utilização de vigas de ferro na estrutura e de grande quantidade de vidro deram aos arranha-céus uma estética eficiente, mas um tanto quanto estéril na opinião de alguns.
Em certos aspectos, era mais importante que o prédio cumprisse sua função e fosse barato de ser produzido, do que tivesse uma estética muito distinta.
Hoje ainda vivemos a época dos arranha-céus, mas o novo grande desafio da Construção Civil é a bioarquitetura ou arquiteura orgânica.
Agregar elementos naturais às construções fazendo assim com que as pessoas tenham ambientes mais naturais, mesmo em meio às cidades. E que pouco a pouco possamos substituir tanto concreto por outras formas mais verdes e mais harmônicas com os ciclos naturais tão afetados por esse desenvolvimento predial.
Se vai ser possível chegar a esse desenvolvimento, já não tenho tanta certeza. Mas, sem dúvida alguma, a Construção Civil não vai parar de evoluir ou de atender às necessidades das pessoas, incorporando as novas tecnologias aos processos tradicionais criando gradualmente, desta forma, uma nova maneira de enxergar a construção.
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