De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, muitos departamentos de RH ainda mantêm e orgulham-se de seus programas de planejamento sucessório. O que poucos sabem é que tais programas foram concebidos no período pós-Segunda Guerra Mundial, quando o cenário era outro.
O objetivo era identificar o funcionário certo para ocupar uma determinada posição no futuro. Fazia sentido quando as responsabilidades de cada cargo eram estáveis e os empregos vitalícios.
Segundo Glauco, o cenário atual é radicalmente diferente: os cargos evoluem tão rapidamente quanto os conhecimentos, os mercados e as tecnologias. A quebra de paradigma que veio com o marketing digital, por exemplo, invalida por definição quaisquer programas de sucessão de gestores de marketing iniciados apenas alguns anos atrás.
Glauco explica que o planejamento sucessório tem como premissa saber com antecedência qual pessoa será a mais adequada e capacitada para determinada função no futuro – a natureza dinâmica do mundo do trabalho e das demandas dos negócios condena tal exercício ao fracasso.
Pior: as pessoas não ficam mais na mesma empresa por muitos anos. Investir em um funcionário selecionado como “sucessor” não garante sua permanência na empresa. Se aparecer alguma oportunidade imediata de crescimento profissional no concorrente, ele irá – e com razão.
E se o desempenho do “sucessor” for aquém do esperado no meio do caminho? A empresa terá desperdiçado tempo, dinheiro e energia, sem contar a frustração do pobre empregado, uma vez craque e agora relegado à segunda divisão. Para Glauco um plano de sucessão fracassado pode ser pior do que não ter nenhum plano.
Faz-se necessário, portanto, repensar os programas de planejamento sucessório, a começar por seu objetivo: identificar a pessoa certa para ocupar uma posição no futuro.
Não se sabe se a posição existirá no futuro, nem se a pessoa vista como “certa” hoje fará parte da equipe amanhã. O que é certo é que o cenário terá mudado: a paisagem competitiva, as práticas de administração, as habilidades necessárias na força de trabalho para manter e fortalecer os diferenciais competitivos da empresa, as tecnologias… Tudo terá mudado!
As empresas bem-sucedidas serão aquelas que estarão preparadas para tais mudanças, que terão acompanhado de perto as evoluções do mercado e, principalmente, do conhecimento. Terão criado equipes versáteis, com facilidade de aprendizagem e alta capacidade de adaptação.
Ao surgir um novo desafio, poderão escolher na hora as pessoas mais indicadas para abraçá-lo. E se, por ventura, um deles for para o concorrente, não faltarão substitutos na equipe.
As empresas devem abandonar seus programas de planejamento sucessório. O que elas precisam, e é urgente nesta era de grandes transformações, é uma boa preparação. Isso começa pela criação de equipes versáteis de alto desempenho. Um desafio para o gerente de RH cujas responsabilidades hoje não tem mais nada a ver com o que eram no pós-Segunda Guerra Mundial!