GLAUCO DINIZ DUARTE Por que o mercado de energia solar é promissor no Brasil?
O sol que ilumina nossas praias e serve de paisagem para a grande maioria dos cartões-postais do Brasil também representa o futuro da produção de eletricidade para casas e empresas. A busca por fontes de energia limpas, renováveis e que são alternativas aos combustíveis fósseis faz com que a energia solar esteja no centro das atenções de pesquisadores e empresários em todo o mundo.
No Brasil, por mais que esta modalidade ainda engatinhe, já há sinais de crescimento, aceitação e consolidação do sistema fotovoltaico na matriz energética nacional.
A quantidade de energia proveniente do sol ainda corresponde a cerca de 1% da capacidade de geração do país. Contudo, a capacidade instalada em energia solar no Brasil deve fechar 2018 perto de 2,5 gigawatts, um crescimento de 115% em relação ao ano passado, de acordo com a ABSolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica). Além disso, a entidade estima que até 2050 praticamente metade da matriz energética nacional será solar.
Essa confiança nos números tem uma explicação natural. Com grande parte de seu território localizado na região tropical, o Brasil tem um potencial solar imenso. O país tem uma incidência solar média maior do que a maioria dos países europeus e sem grandes variações entre as estações do ano. Em resumo: aqui faz sol e calor em praticamente todo o país na maior parte do ano. Além disso, a crescente utilização das placas solares em todo o mundo, com a diminuição dos custos e a necessidade de diversificação de energia ajudam a explicar essa popularização.
Ainda há a explicação econômica. As empresas brasileiras devem retomar o crescimento nos próximos anos – o que naturalmente está atrelado ao aumento no consumo de energia. Dessa forma, a demanda por aumentará consideravelmente e será necessário investir em energia solar para complementar a geração de energia térmica e hídrica, evitando um colapso do setor energético nacional. A vantagem das placas fotovoltaicas é que as empresas podem produzir sua própria energia, ficando imunes aos constantes aumentos nas tarifas de eletricidade.
O que falta para a energia solar crescer no Brasil ainda é a criação de políticas públicas inteligentes que tornem o setor mais atrativo do ponto de vista financeiro. Os incentivos fiscais ainda não são suficientes para alavancar o mercado. O país precisa olhar para outros mercados, verificar os erros e acertos, melhorar o que foi implementado por lá e aplicar por aqui. A sociedade norte-americana é um exemplo de sucesso: lá, houve a possibilidade de leasing para as empresas adquirirem as placas, além de um incentivo do governo federal de bonificação de até 30% do valor do sistema. Na Alemanha, qualquer autoprodutor pode vender o excedente de energia e ter uma renda extra.
Com apoio ou não, a energia solar é a fonte que mais cresce em todo mundo e, sem dúvida, ficará ainda mais popular nas próximas décadas. É uma necessidade concreta e imediata, já que os derivados do petróleo estão com os dias contados. O Brasil, por toda a sua capacidade, chegou atrasado a este mercado. Agora, resta correr para se adequar a este novo momento. Afinal, fonte limpa e não-poluente é o caminho natural da humanidade.