Glauco Diniz Duarte Empresário – Construção civil na pandemia
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o ano de 2020 entrou para a história, principalmente por causa da crise sanitária causada pela pandemia do novo Coronavírus (sars-cov-2). Um evento de proporções globais como este nunca havia sido vivido pelas gerações atuais, o mundo não estava preparado.
Por isso todos os setores da sociedade, economia e indústria foram afetados; e com o setor de engenharia e construção civil não foi diferente. As previsões feitas no início do ano apontavam para uma grande recessão. Mas agora que este ano está chegando ao fim, fica o questionamento: Qual foi o saldo de 2020 para o setor de construção civil?
Em resumo:
A Indústria da Construção continua sua trajetória de crescimento. O índice de nível de atividade mostra aquecimento do setor.
Os empresários do setor estão otimistas, demonstram intenção no aumento do investimento, e isso aumenta a atividade e empregabilidade do setor. Essa movimentação é incomum para essa época do ano, mas pode ser lida como uma tentativa de recuperar o tempo perdido.
Setores que fornecem insumos não estão com o crescimento tão acelerado quanto o da construção civil, e isso causa escassez de material e aumento de preço. Este fator pode frear o crescimento atual.
No entanto, 2021 segue com previsão otimista para o setor.
Separamos algumas pesquisas, dados e estudos para mostrar de forma mais clara como o setor se comportou diante da crise.
Sondagem da Indústria da Construção
A sondagem é realizada de acordo com os indicadores econômicos da CNI (Confederação nacional da indústria), que verifica a movimentação da indústria brasileira, fazendo uma análise geral e setorial. Neste artigo vamos analisar o nosso setor econômico, o setor da construção civil.
Documento Oficial:“Sondagem da Indústria da Construção: Indústria da construção em crescimento”
Realização: CNI (Confederação nacional da indústria)
Perfil da amostra: 458 empresas, sendo 163 pequeno porte, 192 médio porte e 103 de grande porte.
Período de coleta: 1 a 12 de dezembro de 2020.
Documento concluído em: 17 de dezembro de 2020
Atividade Industrial e Nível de Emprego
Segundo a Sondagem da Indústria da Construção, o setor se mantinha em queda moderada desde o final de 2019, mas sofreu uma queda brusca no fim do primeiro semestre de 2020, após o início da pandemia.
Abril: Pico da queda com o início do isolamento social;
Maio: O setor se manteve em queda;
Junho: Início de sinais de melhoria;
Julho: Atingiu números semelhantes com o período pré-pandemia;
Agosto: As atividades do setor já demonstravam crescimento;
Setembro: A empregabilidade começou a crescer;
Outubro: Maior índice de geração de emprego do setor, desde a mesma época do ano de 2019;
Novembro: O crescimento se manteve moderado e houve uma breve baixa na empregabilidade.
Até o momento da realização da pesquisa, no início do mês de novembro, tanto as atividades do setor de construção quanto a geração de empregos na área estavam acima das expectativas, segundo as previsões do começo do ano.
Capacidade Operacional
A capacidade operacional em 2020 chegou a ultrapassar o mesmo mês em 2019. Possivelmente, isso é reflexo das construtoras trabalhando acima do nível de operação usual para concluir as obras que haviam ficado paradas durante o início da pandemia no Brasil.
Índice de Confiança
O Índice de Confiança do Empresário Industrial da indústria construção (ICEIConstrução) cresceu em dezembro, indicando que os empresários da construção estão confiantes, e essa confiança está se tornando cada vez mais forte e disseminada.
“O avanço da confiança se deu principalmente por uma forte melhora da percepção dos empresários com relação à situação atual e ao futuro da economia brasileira. ”
CNI (Confederação nacional da indústria)
Falta de insumos
A falta de insumos e a alta de preços de matérias-primas ameaçam comprometer a recuperação da indústria, passado o período de isolamento social e retração econômica provocado pela covid-19. Essa afirmação é embasada em 2 pesquisas:
Realização: CNI (Confederação nacional da indústria)
Perfil da amostra: 1.855 empresas de 27 setores
Período de coleta: 1 a 14 de outubro de 2020.
Realização: Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
Perfil da amostra: 414 companhias no estado de São Paulo.
Período de coleta: 7 a 13 de outubro de 2020.
Empresários relatam dificuldades para adquirir itens básicos da construção civil, o que tem levado algumas companhias a postergar entregas ou mesmo recusar novos pedidos. Essa escassez também atingiu os preços dos bens intermediários consumidos pelo setor, obrigando o repasse de preço para o consumidor no varejo. Segundo as pesquisas, 82% das indústrias estão pagando mais caro pelas matérias-primas do que antes da crise.
Apesar das previsões adversas no início do ano de 2020, o setor da construção civil encerrou o ano com um saldo positivo de crescimento. Houve um período de queda e de recessão, sim, mas o setor conseguiu se recuperar. A Sondagem da Indústria de Construção mostra o aumento da atividade industrial, da empregabilidade, da capacidade operacional e dos índices de confiança. O mesmo não pode ser dito dos demais setores da economia Brasileira. Como a indústria é interdependente entre si, a construção civil está vendo seu crescimento desacelerar por causa da falta de insumos e aumento do preço da matéria prima, causados pela fragilidade dos demais setores, que ainda não estão conseguindo suprir a demanda nacional. Mas apesar disto, os empresários da área estão otimistas com o início de 2021 e demonstram intenção de aumentar o investimento no próximo ano.