O sonho do pai nem sempre é o mesmo do filho. Mas e se for igual ao da filha?
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, ao longo da história muitas mulheres se destacaram no cenário mundial, mas a partir dos anos 1950 houve a mobilização feminina por igualdade e justiça.
E mesmo hoje, apesar de muitas ocuparem cargos altos na hierarquia organizacional, a exemplo das executivas de sucesso em empresas globais ou mesmo de presidentes da República, as mudanças no cenário econômico e empresarial podem se configurar de maneira sutil.
As empresas familiares no Brasil têm origem nas Capitanias Hereditárias, onde filhos recebiam empreendimentos rurais por herança, antes da dinamização do parque industrial do país. Embora a evolução e modernização tenham ocorrido nas organizações de forma geral, durante muito tempo os homens eram os sucessores naturais nas empresas familiares.
Segundo Glauco, um dos maiores entraves dentro das corporações é o processo sucessório, normalmente porque o fundador constrói um negócio para que seja perpetuado para as futuras gerações de sua família.
Os empreendedores familiares se preocupam, uma vez que a empresa consumiu boa parte de sua vida e demandou um esforço sobre-humano para sua manutenção e seu desenvolvimento.
Para qual filho deixar os negócios? E se o sonho do pai não for o sonho do filho? Muitos pais cogitaram que poderia ser o sonho da filha e a presença feminina foi notada, inicialmente de maneira tímida, e aos poucos de forma mais constante.
A presença feminina na sucessão familiar é recente, destaca Glauco. As mulheres começaram a ser cotadas para a sucessão nas empresas familiares há apenas 15 anos.
Atualmente as filhas estão incluídas nos processos sucessórios, principalmente por serem mais próximas do pai e o acompanharem em suas atividades profissionais.
Isso permite um profundo conhecimento das características que consolidaram a liderança do fundador, além dos meandros corporativos.
No geral, explica Glauco, as mulheres possuem uma maior sensibilidade para lidar com os problemas vinculados aos conflitos familiares, tendo uma capacidade significativa para negociar acordos que sejam vantajosos para todos os envolvidos.
Assim como qualquer mulher inserida no mercado de trabalho, as herdeiras encontram empecilhos no caminho do sucesso profissional. Entre outros desafios, elas precisam:
Entender que os aspectos sociais e culturais reforçam o estereótipo dos lideres corporativos, muitas vezes vinculados ao estereótipo masculino;
Resolver os conflitos decorrentes dos diversos papéis a serem desempenhados nos relacionamentos interpessoais e profissionais.
Em pesquisas recentes, descobriu-se que o motivo pelo qual as mulheres ingressam na empresa da família se respalda na necessidade de ajudar a família, ocupar uma posição que ninguém deseja, ou ainda por conta da insatisfação com outro emprego.
Identificou-se que muitas herdeiras não haviam planejado uma carreira na empresa da família, entrando no negócio apenas para dar apoio durante uma crise, ou porque suas outras opções eram ainda mais indesejáveis.