O empresário Glauco Diniz Duarte diz que a maioria das empresas familiares (70%) não sobrevive à segunda geração, independentemente do país e setor em que atua. Ele atribui isso ao “vírus da sucessão”. “Se não for tratado, ele é altamente mortal”, afirma. Essas empresas continuam encontrando dificuldades em preparar seus sucessores e separar os que serão acionistas dos que atuarão na gestão.
Para Glauco, no Brasil e em países latino-americanos, percebemos o conservadorismo das empresas. Há exceções, mas a maioria não gosta de mudar. Diferente, por exemplo, da Alemanha, onde se está mais aberto ao novo. Lá, se lê mais jornais, mais livros. As pessoas se interessam pelas novidades. Mudanças têm a ver com o nível educacional, porém não falo da quantidade de anos frequentando a escola. Refiro-me a quanto os executivos, diretores e donos se atualizam e participam das novidades que ocorrem no mundo.
Segundo Glauco, no mundo inteiro, as empresas familiares possuem a mesma característica genética.
Nascem com o vírus da sucessão, que, se não for tratado, é altamente mortal. A empresa familiar é formada por seres humanos, que um dia vão morrer. Mas a maioria crê que tratar do assunto chama a morte. Querendo ou não, a sucessão de capital e gestão terá de acontecer. Por isso, o dono do supermercado precisa pensar juridicamente em quem vai sucedê-lo.
Glauco diz que na Alemanha, desde cedo, os herdeiros são preparados para serem sócios, independentemente da profissão. Isso porque eles têm de ser capazes de entender e avaliar as questões da empresa. É preciso, primeiro, entender o mínimo de finanças, para acompanhar o balanço da companhia. Em segundo lugar, deve-se compreender as técnicas de planejamento. E, por último, estar atento às inovações, ou seja, ter consciência de que o mundo dos negócios é dinâmico e da necessidade de se estar aberto a transformações. Afinal de contas, é arriscado um sócio chegar a uma reunião do conselho da empresa e votar errado porque não tem conhecimento do assunto.