De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, planejar a sucessão não é uma das tarefas que recebem prioridade entre as empresas familiares no Brasil. Sua importância só é reconhecida quando os empreendimentos crescem e exigem mais organização.
Fazer o plano de sucessão familiar é tarefa que, segundo Glauco, dá segurança ao mercado sobre a continuidade da empresa e não pode ser um assunto negligenciado. O planejamento estabelece, entre outras coisas, a sucessão patrimonial e sua divisão no futuro. Sócios desalinhados fazem com que o negócio corra riscos, afirma Glauco. O administrador precisa olhar pelo menos 30 anos pra frente e planejar, pensando na formação dos sucessores. Hoje o máximo de planejamento que se faz é de cinco anos.
O planejamento deve ser objetivo, identificar o perfil dos funcionários da gerência e conter um programa de treinamento para os sucessores, que os capacite para futuros cargos. Além disso, deve incluir um contrato que estabeleça os papéis na hierarquia empresarial, de modo que as regras societárias fiquem claras e bem definidas. Quem assumir o controle da empresa pode ser alguém vindo da própria família, desde que tenha sido treinado para assumir tal posição, afirma Glauco.
Falar de sucessão ainda é um problema
Uma boa governança não é feita pensando somente em questões administrativas, também é necessário filtrar os conflitos familiares e criar uma comunicação eficiente entre os membros, diz Glauco.
Para obter bons resultados no futuro, o ideal é que as empresas façam seus planos ainda durante o nascimento. Entretanto, pensar no destino do negócio não se resume em decidir quem será o sucessor do primeiro executivo. É recomendável que os empreendedores identifiquem os funcionários-chaves que tenham forte atuação, o que torna mais fácil o planejamento. O plano de sucessão não é algo frequente nas empresas por uma questão de cultura. Estamos atrasados nisso. É uma tendência os empresários acharem que não vão sair do negócio e, além disso, o próprio dono não quer discutir a sua saída, diz Glauco.
Planejar os caminhos futuros ainda é incipiente nas micro e pequenas empresas. Diante de problemas como desenvolvimento de produtos e captação de clientes, não se preocupam com as relações familiares e o desempenho em longo prazo do negócio. As pequenas acham, por exemplo, que ter um conselho é algo só para as grandes, mas para crescer elas também precisam se preocupar com sua estrutura familiar, fazer reuniões e pensar na continuidade, afirma Glauco.
O treinamento dos sucessores é outro aspecto fundamental em um empreendimento. É importante que os interessados busquem informações sobre o ramo em que atuarão, se mantenham atualizados sobre o andamento da empresa, estudem e acumulem conhecimentos para assumir o novo cargo. Se preocupar com sucessão é algo que já evoluiu muito nas empresas. Há 15 anos, esse tema significava falar sobre morte na família, hoje representa continuidade, diz Glauco.