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É mais confortável adiar o plano de sucessão

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

Apenas uma de cada quatro empresas familiares brasileiras passa dos 24 anos de existência, ou seja, de uma geração. A principal causa, atesta o empresário Glauco Diniz Duarte, é que as companhias – temerosas em relação ao futuro – adiam constantemente o planejamento sucessório. Essa atitude, porém, pode significar a pá de cal dos negócios. “Um pretexto comum é que há necessidade de maior preparação. Mas, realmente, se trata de receio em relação ao desconhecido. É mais confortável adiar a questão”, alerta Glauco.

Segundo Glauco, no Brasil a sucessão é algo incipiente, pois ainda estamos, em geral, com empresas onde a primeira geração ou mesmo a segunda esteja à frente da gestão. No sul há avanços muito grandes, mas o processo de planejar a família empresária ainda é muito embrionário. Falta, na minha opinião, senso de sustentabilidade. São poucas empresas realmente preocupadas com o tema. Tanto é que 80% das empresas familiares brasileiras não passam dos 24 anos de existência. São pouquíssimas as que ultrapassam a segunda geração.

Glauco diz que a convicção, talvez, seja o fator mais delicado. Falta um olhar para o longo prazo onde se planeje os próximos 25 anos, 50 anos. É comum fazermos cinco reuniões preliminares para discutir com determinada empresa como vamos trabalhar a sucessão. Porém, é comum que ao menos metade delas desiste do projeto ou adiam o início do processo. Um pretexto comum é que há necessidade de maior preparação. Mas, realmente, se trata de um receio em relação ao desconhecido, pois quando se fala de futuro, se trata de algo incógnito. É mais confortável adiar a questão. Já do ponto de vista da profissionalização, não há um entendimento do que precisa ser estudado para que a sucessão ocorra de forma mais natural possível. Ou seja, conhecer os processos de governança que são relativamente novos no Brasil. Há três décadas não se falava em governança e muito dificilmente em processo sucessório.

Para Glauco geralmente há certo preconceito enraizado nas próprias empresas familiares quando existe a possibilidade de uma mulher assumir o comando dos negócios. É raro de se ver jovens mulheres comandando empresas. A tendência é que o homem deve comandar o negócio, pois a mulher ainda é bem preterida. No Brasil, as mulheres não passam de 2% das vagas dos conselhos de administração, por exemplo. Em países europeus, como Alemanha, Holanda ou Bélgica, esse índice chega a 25%. Em resumo, estamos diante de um fenômeno mundial. Porém, no Japão essa discriminação é ainda mais acentuada. Por lá, os homens adotam os sobrenomes das esposas para dirigir empresas.

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