De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte a implantação das práticas que compõem o processo de governança corporativa dentro de uma organização pode ser encarada como um dos maiores desafios para as empresas nos próximos cinco anos, principalmente para as de médio e pequeno portes, de controle familiar, seja qual for o setor em que atuam. Este movimento chamado de governança corporativa surgiu nos Estados Unidos e Inglaterra e nos últimos dez anos ganhou força até se tornar um fator decisivo para a competitividade e o sucesso empresarial.
De forma bem objetiva,destaca Glauco, pode-se afirmar que ao adotar as práticas de governança corporativa, a empresa profissionaliza sua gestão e imprime eficiência no relacionamento entre os acionistas, o Conselho de Administração, a diretoria, os auditores independentes e o Conselho Fiscal. Mais ainda, a organização passa a ser regida por três linhas mestras que podem ser consideradas os grandes pilares do processo de governança corporativa: transparência, prestação de contas e equidade.
Nos últimos tempos se constata um crescimento bastante significativo do número de empresas, inclusive as de médio porte e de origem familiar, que buscam o mercado de ações como instrumento eficiente e menos oneroso de captação de recursos. Como resultado desse movimento, a governança corporativa ganhou um impulso definitivo, já que a implantação de suas práticas é condição imprescindível para tornar uma empresa apta a abrir capital.
Entre essas práticas de importância tão fundamental para as empresas, destacamos dez itens que precisam receber tratamento prioritário na gestão da companhia, em especial a de médio porte e controle familiar: 1. balanços auditáveis; 2. situação fiscal legalizada; 3. governança na sociedade, na família e na empresa; 4. modelo de gestão baseado em desempenho; 5. planejamento estratégico formalizado e difundido em toda a empresa; 6. ter um sistema integrado de gestão – ERP – implantado; 7.plano de sucessão patrimonial definido; 8. plano de sucessão do poder resolvido; 9. sistema de remuneração dos principais executivos baseado em resultado; 10. Conselho de Administração com membros fora da família.
Segundo Glauco muitas outras normas e exigências precisam ser rigorosamente cumpridas pelas empresas que se candidatam à abertura de capital ou mesmo que visam atrair o investidor estrangeiro. As previsões para a entrada de recursos externos no país são bastante otimistas, com a expectativa de um crescimento significativo no volume desses recursos nos próximos anos.
Este investidor estrangeiro avalia com cautela o futuro das organizações, com base na competência dos sucessores. Por isso, destacamos o acordo societário como um instrumento fundamental, não só para gerar segurança no investidor, mas para garantir a continuidade dos bons resultados da empresa nas próximas gerações. Entre as muitas garantias que oficializa e torna sacramentadas dentro da organização, o acordo societário gera e exige compromissos; regula direitos e deveres; representa a vontade das partes; antecipa conflitos; compatibiliza e regula interesses individuais, familiares, societário e da empresa.
Durante este intenso processo de implantação das práticas de governança para a profissionalização da gestão, os sócios e administradores da empresa são conduzidos a uma profunda e benéfica reflexão sobre os rumos da companhia e avaliação crítica da estratégia até então adotada para atingir os objetivos propostos.
Entre os principais pontos a serem avaliados com cuidado por essas empresas familiares que querem se tornar competitivas destacamos alguns: o modelo de sociedade da 1ª geração não é transferível para a 2ª; cada geração é uma nova sociedade que precisa ser construída pelos seus componentes; não basta profissionalizar a gestão da empresa, é indispensável profissionalizar a família e a sociedade; nenhum modelo de gestão resiste à falta de um modelo societário; idealmente o processo sucessório deve ser conduzido pelos fundadores; os filhos do fundador não herdam as participações societárias com manual de instrução, por isso precisam ser eficientes e preparados para gerir o negócio; conflitos familiares não resolvidos são a causa do desaparecimento de 65% das empresas no mundo.