GLAUCO DINIZ DUARTE – Usinas hidrelétricas são obrigadas a reduzir a produção de energia

Algumas das hidrelétricas brasileiras estão operando com menos da metade da capacidade, por causa da seca. Ainda assim nesta quinta-feira (6) o Ministério de Minas e Energia descartou a possibilidade de haver racionamento no ano que vem.

O baixo nível dos reservatórios já afeta a capacidade de produção das hidrelétricas. Na região Norte, Tucuruí, a segunda maior do país, já desligou a chamada Fase 2. Isso quer dizer que 11 unidades geradoras estão paradas e a usina opera com cerca de metade do seu potencial.

No Nordeste, Sobradinho tem capacidade instalada de 1.050 MW, mas na última semana produziu em média 235 MW.

Na usina de Três Marias, o solo rachado deveria estar coberto de água. O nível do reservatório em Minas Gerais é um dos mais baixos do país: 2%. E a hidrelétrica está gerando menos de 10% da potência instalada.

“As turbinas desligadas significam que o sistema com menos capacidade de responder a mudanças súbitas das demandas, portanto você pode ter apagões”, diz Roberto D´Araujo, especialista do Instituto Ilumina.

Nesta quarta-feira (5), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico informou que o risco de faltar energia em 2015 nas regiões Sudeste e Centro-Oeste chegou a 5%, o máximo tolerado pelo governo.

Mesmo diante desse número, nesta quinta-feira (6) o Ministério das Minas e Energia descartou a possibilidade de racionamento no ano que vem.

“Então o recado que a gente dá é que o sistema está equilibrado e nós estamos tranquilos, não existe nenhuma hipótese”, afirma o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia Marcio Zimmermann.

Mas as autoridades ressaltam: uma nova estimativa terá de ser feita em maio de 2015, depois do período chuvoso. Por enquanto, a projeção do operador nacional do sistema é que os níveis dos reservatórios continuem caindo em novembro.

“A dependência do regime hidrológico é muito grande, ele é mais acentuado, o regime de chuvas, em dezembro, janeiro e fevereiro. Então esse é um período decisivo para garantir a segurança, o nível do reservatório para segurança do abastecimento”, diz o diretor-geral da Aneel Romeu Rufino.

Diante das incertezas do clima, a recomendação dos especialistas é economizar desde já.

“Nós estamos deixando o consumo correr solto e se a gente tiver um racionamento, eu não estou dizendo que vai ter, mas se tiver um racionamento, o fato de nós não economizarmos agora faz com que o racionamento no futuro seja pior”, afirma Roberto D´Araujo, especialista do Instituto Ilumina.